Logística portuária – os portos mais movimentados do Brasil
e do mundo
Existem mais de 2000
portos no mundo, desde aqueles com apenas um berço (espaço para um navio) que
movimenta algumas centenas de toneladas por ano, até os portos multi-tarefa que
movimentam mais de 300 milhões de toneladas por ano. No Brasil temos 41 portos
marítmos e 16 portos fluviais.
No mundo todo, 36% do
tráfego nos portos é de produtos a granel líquido (óleo, derivados de petróleo
e químicos), 24% de granéis secos (carvão, ferro, grãos, bauxita e fosfato) e
40% de cargas variadas.
Durante as últimas décadas,
o uso de contâineres para transporte de
carga aumentou constantemente. Contâineres são grandes caixas de metal feitas
em tamanho padrão em múltiplos de 20 pés (6 metros) chamadas “twenty foot
equivalent units” (unidades equivalentes a 20 pés – TEUs). No ano de 2003 a
produção de containeres alcançou 20 milhões de TEUs, e a China foi responsável
por mais de 90% desse resultado. O transporte usando containers apresenta
diversas vantagens: o produto precisa de menos embalagens, eles evitam alguns
danos, e eles promovem uma alta produtividade em diversas etapas de manuseio e
transporte.
Para dar uma noção da
capacidade destes grandes portos, em 2002 os 20 maiores portos do mundo
concentraram 48% do tráfego total. Estes portos conseguem agregar muito
movimento e muita carga, tornando o transporte transoceânico mais barato. No
entanto, os portos precisam de infraestrutura de ponta para receber estes grandes
navios e manusear toda a carga.
Confira na tabela
abaixo os portos mais movimentados do mundo, com dados de 2005 e 2004.
|
Porto
|
País
|
TEUs
(milhares) – 2005
|
+/- de
2004
|
Mudança
% de 2004
|
1
|
Singapore
|
Singapura
|
23,192
|
1,863
|
8.73
|
2
|
Hong
Kong
|
Hong
Kong
|
22,427
|
443
|
2.02
|
3
|
Shanghai
|
China
|
18,084
|
3,527
|
24.23
|
4
|
Shenzhen
|
China
|
16,197
|
2,582
|
18.96
|
5
|
Busan
|
Coréia
do Sul
|
11,843
|
413
|
3.61
|
6
|
Kaohsiung
|
Taiwan
|
9,471
|
0
|
0.00
|
7
|
Rotterdam
|
Holanda
|
9,287
|
1,006
|
12.15
|
8
|
Hamburg
|
Alemanha
|
8,088
|
1,085
|
15.49
|
9
|
Dubai
|
Emirados
Árabes
|
7,619
|
1,190
|
18.51
|
10
|
Los
Angeles
|
EUA
|
7,485
|
164
|
2.24
|
E nesta tabela, os
portos mais movimentados do Brasil
Posição
|
Porto
|
Núm. de
estados servidos
|
Comércio
Internacional (em US$ milhões)
|
1
|
Santos
/ SP
|
26
|
65.380,03
|
2
|
Vitória
/ ES
|
22
|
17.087,30
|
3
|
Paranaguá
/ PR
|
23
|
16.553,17
|
4
|
Rio
Grande / RS
|
21
|
13.265,23
|
5
|
Rio de
Janeiro / RJ
|
22
|
12.183,12
|
6
|
Itajaí
/ SC
|
22
|
7.884,11
|
7
|
São
Sebastião / SP
|
7
|
7.059,61
|
8
|
São
Luís / MA
|
10
|
6.799,67
|
9
|
Aratu /
BA
|
8
|
5.586,75
|
10
|
São
Francisco do Sul / SC
|
23
|
5.534,28
|
* Dados de 2007.
Fonte: IPEA
Os desafios da logística portuária no Brasil e os ônus do atraso
Há
décadas, os sucessivos governos, nas suas diversas esferas, têm dado pouca
importância à logística brasileira. Paramos no tempo. Estamos à deriva.
Infelizmente, a estrutura rodoviária,
ferroviária (das poucas que resistiram ao tempo), aeroportuária e,
sobretudo, a portuária estão sucateadas e não comportam há muito a demanda de
que necessita.
Por diversos motivos, existem entraves que
fazem com que o País não avance em sua economia, esbarrando na limitada e
precária infraestrutura.
No setor portuário não é diferente, e o
que vemos é o Brasil perdendo competitividade no mercado internacional deixando
de ser, por diversas vezes, uma opção viável e vantajosa frente aos demais
complexos portuários mundo afora, que possuem sistemas e infraestruturas muito
superiores às encontradas por aqui, como exemplo, o Panamá, a Alemanha, a China
e muitos outros.
O ano de 2013 foi do ponto de vista
técnico, um marco na seara portuária do País. A Medida Provisória 595 foi convertida
numa nova regulamentação do setor, tendo sido publicada em 05 de Junho de 2013
a Lei nº 12.815 (a nova
Lei dos Portos).
A intenção da lei é que se modernize os
atuais pátios portuários em nosso território, com a concessão de novos
terminais, permitindo a parceria público-privada nos espaços (seja na
construção, seja na utilização dos mesmos), dentre outras importantes inovações
com abrangência direto no direito trabalhista e direito tributário.
O que não podemos esquecer é que os
Portos per si não atuam de maneira solitária. Eles integram apenas um ponto de
uma cadeia intermodal, composta por rodovias, aeroportos, hidrovias, ferrovias,
dentre outras. Assim, como nos países desenvolvidos ao redor do mundo, a
eficiência e custos operacionais (sobretudo os impostos), devem ser justos e
condizentes com o trabalho que se é prestado ou colocado à disposição das
empresas que deles necessitem.
A cadeia produtiva e as empresas de
comércio exterior (por exemplo as tradings) são as que mais sofrem com toda
essa precariedade existente em nossa logística. Pagamos impostos altíssimos, as
operações portuárias estão entre as mais ineficientes do mundo, e a oferta não
atende à demanda. Ou seja, o que produzimos na agropecuária, sobretudo os
grãos, e a produção industrial não há vazão para o escoamento destes produtos
para o mercado internacional.
As empresas exportadoras (seja de
manufaturados, matérias primas – as commodities - ou produtos já
industrializados), devem contar com um corpo jurídico de qualidade para
customizar/diminuir os custos, principalmente no que tange aos altos impostos
cobrados pelos governos (tanto na esfera federal, como na estadual), e também
com advogados especializados e atentos às novas legislações que constantemente
alteram as regras do jogo na seara jurídica e nas transações comerciais.
Os advogados que atuam diretamente no
setor portuário/aduaneiro devem mostrar-se competentes, diante o desleixo com a
coisa pública e a “fome” tributária governamental, para que instrua as empresas
do ramo a adotarem uma conduta preventiva em suas operações, dando maior
segurança jurídica no decorrer dos diversos trâmites que são necessários na
importação e exportação. E o que vemos é a falta de qualificação jurídica
nesta área, fazendo com que várias empresas sejam mal orientadas por
profissionais que “fazem de tudo” e amadores, figuras pelas quais no mundo de
informação e cada vez mais globalizado que vivemos, não prosperam e não devem
ter vez.
Com a nova Lei dos Portos há a
expectativa do aumento da competitividade no setor portuário, impulsionando as
exportações e consequentemente o desenvolvimento da economia.
Já estão previstos 62 novos terminais
portuários no Brasil, com investimentos que deverão superar os 54,2 bilhões de
reais, sendo que somente no Espírito Santo a previsão é a construção de 8 novos
terminais portuários até 2017, com investimentos na ordem de 13,3 bilhões de reais.
Enfim, de projetos, leis e boas
intenções estamos como todo nosso setor logístico: sobrecarregados. Agora
devemos utilizar dessas ferramentas favoráveis, para tirar esse peso que
emperra a logística brasileira, que via de consequência faz o Brasil crescer a
níveis pífios há anos, e quem paga os ônus desse atraso é a população, que já
foi às ruas mostrar que não está satisfeita com o sistema pelo qual nos
encontramos.
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